Muitas mulheres com câncer de mama abaixo de 40 anos desejam engravidar.
Embora diversos estudos retrospectivos apontem que a gravidez após o câncer de mama não piora o desfecho da doença, independentemente do subtipo do CM, a fase de hormonoterapia adjuvante é interfere na possibilidade de gravidez para essas mulheres. Isso pois esse tratamento é indicado no caso do câncer de mama receptor hormonal-positivo e tem duração que varia entre 5 e 10 anos.
Até então, não existiam dados de estudos prospectivos sobre gestação após o CM e interrupção momentânea da hormonioterapia adjuvante. No último San Antonio Breast Cancer Symposium, a Dra Ann Partridge apresentou os primeiros resultados do estudo POSITIVE que teve como objetivo primário investigar a segurança, do ponto de vista oncológico (recidiva do câncer de mama), da interrupção temporária da hormonioterapia para a tentativa de gravidez.
Abaixo destaco os principais pontos do estudos:
Critérios de Inclusão:
Mulheres na pré-menopausa que desejavam engravidar:
Idade ≤42 anos na entrada no estudo
Estar em uso por pelo menos 18 meses e não mais que 30 meses da hormonioterapia adjuvante em decorrência de câncer de mama receptor hormonal-positivo estadios I, II ou III
Quimioterapia neo/adjuvante anterior ± preservação da fertilidade foi permitida
Sem evidência clínica de recorrência
Procedimentos do estudo:
Interrupção da hormonioterapia planejada dentro de 1 mês após o registro no estudo
Pausa com duração de até 2 anos para tentar engravidar,, conceber, dar à luz e amamentar, incluindo período de washout de 3 meses
Se não houver gravidez em 1 ano, avaliação com especialista em fertilidade era fortemente recomendada
O reinício da hormonioterapia era fortemente recomendada após a gravidez para completar a duração inicialmente planejada (5-10 anos)
Seguimento de longo prazo
Principais resultados e conclusões
Na população incluída no estudo POSITIVE ( mediana de idade de 37 anos e 94% apresentavam estadio II), a interrupção temporária do hormonioterapia para tentar engravidar não impactou negativamente os resultados oncológicos a curto prazo.
74% das mulheres tiveram pelo menos uma gravidez, a maioria (70%) em 2 anos
A frequência de defeitos congênitos foi baixa (2%) e não claramente associados à exposição ao tratamento
Seguimento de longo prazo é necessário para continuar avaliando a segurança dessa abordagem
Esse estudo reforça a importância de discussão entre paciente e equipe médica sobre os desejos e segurança da gravidez em pacientes com diagnóstico recente de câncer de mama.
Referência
1. Partridge A et al. Pregnancy outcome and safety of interrupting therapy for women with endocrine responsive breast cancer: Primary results from the POSITIVE trial (IBCSG 48-14/BIG 8-13). 2022 San Antonio Breast Cancer Symposium. Abstract GS4-09.